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Post by ëssaht on Jan 30, 2018 21:08:58 GMT
É noite de Última Luz.
As estrelas brilham no céu, pequenos diamantes esperando por admiradores. A música toca alta, os corpos dançam animados, e não há um par de olhos que não se deslumbre com a beleza do Grande Templo.
Iluminados pelas várias lanternas do lado de fora, pela lua e pelas estrelas, os enormes vitrais que rodeiam os salões banham o chão e as paredes de mármore com os mais belos tons de vermelho, marrom, roxo e dourado. As altas colunas brancas exibem-se ilustradas pelos reflexos desenhados e se juntam lá em cima ao teto, onde desfazem-se em rios brancos sobre o ouro maciço — pois assim como em Sua terra, a Casa da Deusa esbanja o metal áurico, o teto respingado de mármore em semelhança à Terra das Estrelas. Abaixo, não há móveis no grande salão — o espaço é dedicado às rezas, às festas, às luzes e às danças com as quais os humanos foram presenteados.
E hoje— É hoje!
É noite de festejar como nunca, de agradecer pelas bênçãos passadas e ansiar pelas maravilhas que o novo ano trará. É noite de festa, é noite de dança, e o Grande Templo pulsa com vida, com cores, com sorrisos. Finalmente os salões estão cheios e há pessoas, há alegria, há beleza por todos os lados.
Do lado de fora, Messa está em festa! Assim como dentro do templo, as pessoas celebram a vida e a Deusa como jamais antes — é a maior festa em décadas! Como se, com toda aquela tristeza e destruição, Edom inteira tivesse se reunido para esquecer tudo aquilo. Como se, após um ano de horrores e terrores, tudo finalmente pudesse ser deixado para trás, e a sociedade pudesse recomeçar com brilho, com amor.
As ruas estão decoradas com uma infinidade de luzes e lanternas de papel colorido, e até mesmo os vagalumes decidiram agraciar a humanidade com seu brilho dourado por entre as folhas das árvores. Há flores em todo o canto, embelezando as construções e amaciando o pisar daqueles que preferem dançar descalços. A brisa perfumada refresca os corpos quentes, e é quase como se os próprios ventos suaves dançassem também. As pessoas estão todas imensuravelmente lindas, felizes, dançantes, saias esvoaçantes e vés brilhantes. Vestem-se com os mais diferentes tons de roxo, marrom e vermelho. E dourado! Tanto dourado, como o sol de novos dias, como o fogo que acalenta, como a beleza da bondosa Deusa.
E, ah, lá em cima nas estrelas, Ela assiste. Ela olha por seus filhos e com tanto amor assiste enquanto se divertem, enquanto celebram tudo aquilo que lhes foi presenteado.
ëssaht!
Falta pouco para a meia noite e as pessoas estão ansiosas, pois, logo, logo, o Alto Sacerdote Omega fará seu pronunciamento. É noite para homenagear Omega, afinal de contas, e após tanta controvérsia e caos no ano que se passou, não há quem não espere as palavras não de Alpha, não de Beta, mas daquele que representa todo o seu Grupo. Omega — um grupo de sentimentos, de artistas, de paixões e de belezas. Um grupo que não aguenta mais isso. E que não se deixará esquecer por luzes bonitas e comida em excesso...
Espalhados entre a população bêbada de vinho e diversões, a Insurgência ocupa a capital Messa em sua força total. Todos os membros foram convocados, desde XX até o Alto Escalão. Os Infiltrados também encontram-se em algum lugar, ainda que esses estejam fadados a cuidar cada um de si mesmo.
E eles esperam.
Observam e fingem, dançam nos salões, nas ruas e nos pátios, enfeitam-se com joias e brindam às mentiras, esperando o grande pronunciamento. Pois as ordens são claras: no momento em que o sacerdote descer de seu púlpito no grande pátio, não haverá um Insurgente que não mudará o rumo daquela noite.
Com seus intercomunicadores disfarçados, mal podem esperar pela palavra que dará fim a tudo aquilo. A própria Marte esconde-se no meio da multidão, apenas mais um rosto entre muitos. Em algum lugar, ela espera até que possa dar o comando. Pois ela sabe que os sorrisos duros e olhos frios não serão o suficiente para suportar aquela noite. E ela sabe que, em breve, ela e seus Insurgentes poderão enfim dar fim àquela sociedade absurda.
Em breve, ela dará o comando.
E, em breve, tudo aquilo deixará de existir.
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Post by RavenaArcheron on Jan 30, 2018 22:07:25 GMT
Até o céu parecia comemorar hoje. As estrelas pareciam mais brilhantes e numerosas do que nas outras noites. Em uma época diferente talvez eu tivesse parado para admirá-las, contar uma por uma ou fazer desenhos, mas eu não tinha mais 10 anos e tinha preocupações maiores do que aqueles pontos luminescentes que estavam tão longe. Eu precisava me misturar à horda de pessoas contentes e risonhas, precisava fingir ser como elas, estar feliz como elas. Crescer numa casa como a minha, em um mundo como o que eu conhecia,tinha feito de mim uma ótima mentirosa. Se eu desejasse, poderia fazer quase qualquer um acreditar em qualquer coisa sobre mim, eu poderia ser a filha de um grande pintor, ou uma menina órfã adotada por uma família influente... A questão principal em mentir é sempre dizer a verdade, só não toda ela. Nesta noite em especial, eu era apenas uma garota que estava de férias com a família, por essa noite eu tinha pais que me viam com orgulho, que me amavam e que incentivavam o melhor em mim. É claro que todos entendiam isso como incentivarem meu lado artístico. Como se eu fosse apenas isso. Mas eu não os corrigia, não torcia o nariz como fazia normalmente, nem mesmo lhes dei respostas sonsas. Eu apenas falava sobre a primorosa decoração e de como sentia uma gigantesca vontade de poder pintar aquele momento, para eternizá-lo em toda sua beleza. E todos me sorriam e eu quase podia ver, gravado em seus olhos um "boa menina, é assim que todos deveriam ser". Se todas as pessoas com as quais conversei hoje soubessem... Se sequer imaginassem. Acho que será divertido ver o espanto e o terror em seus olhos quando tudo começar.
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Uni
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Omega Triste
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Post by Uni on Jan 30, 2018 22:09:18 GMT
Adhara estava na companhia de suas mães, todas elas usavam vestes na coloração roxa com detalhes em dourado. A roupa de jovem, um pouco diferente de suas progenitoras, era um pouco mais reveladora: Um vestido com as alças finas e com um tecido esvoaçantes. Seus braços estavam com varias pulseiras e seus dedos eram enfeitados com anéis tão amarelos quanto o próprio sol, enquanto suas mães usavam um tecido pesado e liso, sem muitos detalhes e apenas com algumas pulseiras e o anel de casamento em suas mãos. Elas andavam em meio a multidão, falando sobre a deusa e como tudo estava tão bem decorado. Vez ou outra, Deneb fazia perguntas sobre a faculdade e se Adhara tinha se interessado por algum/a Omega presente, alegando que todas estavam muito elegantes ("com algumas exceções claro" - palavras ela) e que logo o grande discurso seria feito, para mais um ano iluminado e cheio de fé. Durante o passeio das três, Adhara viu sua irmã escondida atrás de um poste e logo se despediu das mães, alegando que encontraria amigos da faculdade que estavam no local.
As duas irmãs conversavam animadamente perto de um canteiro de flores e se elogiavam o tempo todo, seja pela roupa, maquiagem, cabelo, acessórios e até os sapatos foram elogiados. Sem poupar esforço, as duas falavam sobre tudo, já que fazia um tempo considerável que não se encontravam. Iestai usava uma linda calça longa e semitransparente abaixo do joelho com aberturas laterais e uma blusa justa ao peito com apenas uma manga. A roupa lhe dava toda a liberdade de andar e se sentar como bem queria, diferentemente de Adhara, que tomava cuidado para seu vestido não voar de mais e revelar coisas que não desejava que as pessoas vissem. Mesmo que Iestai estivesse conversando animadamente com sua irmã, sua atenção as vezes era perdida e ela olhava para os lados. "- Por que está tão dispersa assim?" - Adhara chama a sua atenção pela segunda vez na noite. "- Apenas apreciando as pessoas" - Ela responde sorrindo e aponta com a cabeça para um jovem alpha que passava por elas, e as duas começam a rir baixinho.
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Post by Li-He Zheijián on Jan 30, 2018 22:23:42 GMT
Estava entre as ruas de Messa, andando, um pouco perdida. Enquanto caminhava, alternava meu olhar entre 3 coisas que encontrava no meio do caminho: As estrelas, que brilhavam no céu como jóias, e uma brisa leve acariciava meu rosto, me dando uma passageira calma, que rapidamente se vai. As estruturas da cidade, que me davam um efeito nostálgico ao lembrar da minha infância, quando ainda morava com meus pais, despreocupada e protegida, guiada por suas mãos. E as pessoas que caminhavam pela rua, algumas até sem culpa, pena que estavam no lugar errado, e em breve, na hora errada. Que Bettenou os ajude. Um pouco tensa e confusa, tentava achar meu caminho até o mais próximo possível da praça onde o pronunciamento seria feito, esperando as ordens de minha capitã e tentando esconder o nervosismo por trás de tudo que usava. Apostando numa maquiagem forte, estava usando bastante branco em meu rosto, com algumas faixas douradas que contornavam meus olhos e iam até a borda de meu rosto, quase como uma pintura de guerra. Também usava um delineado preto nos olhos, que se alongavam um pouco em direção as bordas do meu rosto, além de alguns pontos dourados no entorno de meu lábio inferior, o qual também estava pintando de branco. Estava vestida com um kimono branco com mangas douradas, de um tecido tão fino e leve como seda, com pontos dourados que imitavam o céu estrelado daquela noite. Em cada mão, carregava dois Leques, também brancos, para combinar com todo o adereço festivo da Última Luz. Já fazia um tempo que não utilizava sua dança, mas agora era o momento. Seu cabelo estava como sempre amarrado atrás de sua cabeça, preso por diversos adereços de flores e correntes que se ligavam de uma ponta a outra, com uma tiara dourada como jóia finalizando. Eu ouvia então alguns murmúrios atrás de mim, um grupo de homens que aparentemente seguia em direção a praça, para ouvir o pronunciamento do Alto Sacerdote Omega. Parava um pouco para respirar, pensando em todas as hipóteses do que poderia acontecer assim que sua líder desse a ordem. Com certeza, alguma mudança decisiva aconteceria naquela noite. Adentrava então entre os rapazes, comentando um pouco sobre como o festival estava tão bonito, e como os outros dias também estavam. Abria um dos Leques, o qual revelava uma flor de lótus pitada em dourada, contrastando com o branco, e então seguia em direção a praça, me abanando no meio dos rapazes. Estava na hora de se encontrar com o Coelho.
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evangeline
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Post by evangeline on Jan 30, 2018 22:39:29 GMT
De uma coisa Evangeline estava ciente: não continha a animação por estar em Miheta, o lugar que apenas ouvira falar. Devido a vergonha de seus pais à sua... deficiência, lhe fora negado a visita a terra flutuante, ao lugar onde a presença de Bettenou faria qualquer um estremecer, e agora ela entendia o porquê. A terra da fé; a Beta sentia o suave odor de flores mesclar prazerosamente com o da comida, tão distinto, uma mistura de culturas dos diferentes e maravilhosos lugares da Terra. Os ouvidos, apesar de sensíveis, captavam o alto som de música e ao mesmo tempo o baixinho das orações.
ëssaht.
Ah, ela queria orar também.
Um sorriso gentilmente desenhou os lábios sutilmente pintados de vermelho, bom, pelo menos isso era o que Alistois a dizia. O omega fora o responsável por 'tomar conta' dela esta noite, como se precisasse, mas o Alto Escalão insistia em dizer que era para o melhor. E se era, como iria negar? Fora ele, também, que decidiu vesti-la. Usava uma saia com duas grandes fendas em suas pernas, mas não sentia mostrar muita coisa. Seus pés foram adornados com tornozeleiras de ouro, já que recusara-se a usar sapatilhas que não a permitiriam sentir Miheta. Um top, ou blusinha como Alistois chamava, cobria lhe o torso, mas não inteiramente, deixando a barriga de fora. Um lenço lhe cobria os braços e usava brincos pesados demais para seu gosto. Porém, era Alistois quem mandava aqui. Sentia seus cabelos diferentes também, embora não sabia dizer exatamente o que era.
Não importa, pois estava nas cores que Bettenou designara, cor de seus cabelos. Exatamente como ela desejara.
— Será que você poderia me guiar até uma das árvores? Quero orar.
Alistois, como sempre quieto, nada disse, apenas a guiou. Lá Evangeline ajoelhou-se, encostou a testa contra o caule e pôs-se a orar, esquecendo todo o seu entorno, decidindo que ficaria ali por um tempo. Afinal, apesar de tudo que se planeja para hoje, ainda precisa achar alguém para efetuar sua cirurgia.
Isso é, se tudo der certo.
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alistois
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Alistois screams for help
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Post by alistois on Jan 30, 2018 22:51:12 GMT
De uma coisa Alistois estava ciente: odiava aquele lugar. Muitas cores, muito barulho, muita gente. Conseguia a tudo observar, muita informação; das artes Omega até o comércio entre Betas e Alphas. Como ele odiava aquela cor, vermelho, presente em tudo quanto é lugar, presente em seu corpo de uma maneira tão chamativa. Por mais que usasse calças, os tecidos e roupas para Omegas sempre revelariam algo a mais. Atraía olhares que não desejava, que consumiam seu corpo como se tivessem algum poder sobre ele. E tinham.
Acompanhava Evangeline, uma Beta XX cujo motivo ele nunca inteiramente compreenderia. Porém, por estarem lá como um casal, pouca atenção seria trazida para ele. Poucas pessoas reconheceriam sua identidade, já que agora tinha o cabelo curto. Evangeline seria sua camuflagem, enquanto ele seria seus olhos. Tentava descrever o máximo que conseguia de tudo ao seu redor, apesar de achar um tanto quanto esquisito e incômodo. Não consegue entender como alguém, com a idade dela, ainda não fizera a bosta da cirurgia.
Não importava agora.
Com um pedido especial vindo de Evangeline, Alistois a guiou até uma das cerejeiras, embora duvidasse que ela soubesse distinguir as árvores. Aproveitou aquele momento para olhar ao redor e procurar seu próximo alvo, a quem iria espionar para chegar mais perto de qualquer informação que lhe fosse útil. A máscara guardada dentro de sua roupa, o pequeno volume escondido por um lenço na cintura. Queria uma framboesa.
Queria ir embora dali.
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ëssádica
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ALPHA BOM É ALPHA MORTO
XX
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Post by ëssádica on Jan 30, 2018 23:02:27 GMT
Gautier, ansiosa como é, se sente desconfortável em multidões.
Assim que seus pés tocaram os chãos do templo, qualquer senso de dever e bravura lhe foram arrancados, dando lugar ao medo que se acumula no fundo de seu estômago - Tornando cada passo mais pesado, afastando-a do mundo ao redor e deixando no lugar um zumbido em seus ouvidos e cores obtusas infestando sua visão. De pé na entrada do templo, sozinha, a mulher contemplou brevemente a possibilidade de virar e correr mais longe possível, esconder-se no canto de seu quarto como a criança que ela ainda é no fundo. Ela encontrou seu caminho por entre a multidão, perdeu-se por entre as dezenas de corpos sem rostos ou nomes, sentindo-se fora de seu corpo, observando tudo por cima.
Ao se encontrar diante da estátua, a ômega encarou-a com olhos vazios e cansados. Uma figura pálida, envolta em um vermelho escuro e morto, encarando sua deusa como quem pede por direção, pede por ajuda.
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mare
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Post by mare on Jan 30, 2018 23:43:12 GMT
É uma necessidade, e não um prazer, que os conduzem.
Bettenou é a manifestação universal da vida, ele pensa, a criadora e sustentadora de tudo que existe em relação à origem do cosmos e a realidade daquilo que reside nele, responsável pelos padrões e leis que eram seguidas, onisciente e onipresente-- ela sabia o que estava para acontecer? Uma tragédia iminente que tamboreia em seus ouvidos, um romance em que a morte é menos amarga, uma comédia pingando carmim. Os olhos desviam para a equipe médica, casualmente à postos, e aproxima-se, mesmo estando de folga.
As vestes de um vermelho escuríssimo contrastava com as da maioria dos profissionais, em matizes de roxo ou marrom. Genesis procurava ser discreto até onde um Omega poderia ser (como se seu braço robótico não chamasse atenção suficiente), se movimentando pelos cantos ao trocar olhares e alguns sorrisos.
A distração o ocupa de sua quase visível frustração, olhos seguindo as figuras indistinguíveis, inconscientemente refletindo sobre a possível identidade de cada um. Ele mesmo possuía uma bomba projetável escondida em seu braço, mas não cogitou usá-la em nenhum momento. Nos primeiros momentos, refletiu, procuraria ajudar inocentes. E quem é inocente, afinal? Salve os da Insurgência. Engoliu em seco, subitamente ciente da sua perda de princípios, o sentimento desajeitado do quão egoísta uma Revolução poderia ser.
Genesis volta sua atenção para o Templo: há algo aqui nesta luz, nessas vozes mistificadoras de desolação que cresce cheia e reta. Ser Infiltrado é difícil, medita, e seu coração palpita. A segurança aparente daquela realidade endurece seus ossos, e tudo que ele tem a fazer é esperar e esperar, trocando algumas palavras num papo-furado com conhecidos. É incapaz de ver as feições iluminadas, os véus esvoaçando ou pequenos grupos de jovens sem sentir uma pitada de culpa, e por um instante, olhou para o céu estrelado buscando conforto. Pelo bem maior, disse o eco em sua mente, haviam sacrifícios. Entretanto, mesmo concordando, nenhum doce conseguia afastar o gosto amargo de sua boca.
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nehaamrita
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Post by nehaamrita on Jan 30, 2018 23:58:14 GMT
Os pontos brilhantes no céu lhe agradavam. Cada um representava um astro tão distante, que boa parte deles já tivera sua luz extinguida; com resquícios da mesma chegando aos olhos de quem se estivesse disposto a olhar pra cima. E embora fosse um passatempo sem sentido - e inspiracional - observar o céu de vez em quando, não era ele o foco principal naquela noite. As luzes do festival, misturadas com tons específicos de roupas que, na maioria, representavam o status de cada pessoa, dava ao Omega um desgosto profundo. Mas não estava ligando de vestir vermelho, naquela noite. Agora havia um apreço diferente por aquela cor, mesmo que raramente a usasse.
Era um disfarce, sim. Era uma instância que fazia a pele de Neha formigar, querendo logo a ação, já que preferia seguir direto ao ponto. Paciência alcançava grandes feitos, porém. As ordens viriam, após o discurso do Alto Sacerdote Omega. Imaginava que ele tivesse as convicções firmes demais pra ir pro lado deles, e se perguntava se aquela noite seria seu fim. Enquanto isso, aproveitava o que o festival tinha a oferecer, ainda que ao lado de pessoas inocentes demais para o próprio bem.
Pessoas que nem a si próprio, que faziam o festival vibrar com energia na dança e nas mais diversas artes. Uma vibração que escondia o sofrimento de muitos, tinha certeza. Se mantinha nem muito perto nem muito distante do templo, sentindo alguns olhares na própria direção.
“Um Omega com cabelo mais curto?”
“Será que é…?” “Duvido. Olha o sorriso dele. Olha como ele parece se divertir.” Delineou um sorriso falso nos lábios para quem estava comentando, logo depois voltando a observar o processo de pintura em Carvão de outro Omega, um que homenageava a deusa. Não julgava expressões pela arte. Era a única instância que não queria partir aquela a crença ao meio com a visão imediata.
Só achava que a tela ficaria mais bonita com um toque de vermelho.
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Uni
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Omega Triste
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Post by Uni on Jan 31, 2018 0:01:14 GMT
Iestai despediu-se de sua irmã depois de algum tempo conversando, Adhara precisava voltar para falar com sua mãe e não levantar suspeitas. A menina de roupas vermelhas se levantou graciosamente e seguiu até a entrada do templo, a fim de conseguir alguma comida ou alguma informação sobre o que aconteceria a noite. Antes que chegasse até a entrada, um grupo de alphas passou na sua frente, dando olhares sugestivos para a menina. Não que isso a incomodasse, recebia sim olhares de rapazes e algumas jovens da sua idade, mas aquele grupo olhava para ela de forma diferente... Não era desejo exatamente, não estava acostumada a receber esse olhar. Assustada, abaixou a cabeça e tirou o sorriso do rosto que sempre carregava consigo e andou rápido até a entrada do templo, avistando uma mulher mais alta. Ela se viu hipnotizada com a cor não só da pele, mas também com a cor do cabelo da mulher. A roupa vermelha (bem mais escura que a sua) contrastava com os poucos pedaços de pele que deixava aparecer. Logo reconheceu que a mulher era Gautier. A passos curtos, chegou ao seu lado, tentando não assustá-la. - Essa estatua não representa alguém real, não acha? – Pergunta baixo, porém alto o suficiente para apenas a mulher ao seu lado escutasse.
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alistois
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Alistois screams for help
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Post by alistois on Jan 31, 2018 0:01:50 GMT
Ao olhar ao redor, Alistois deparou-se com algo que não esperava. Era um Omega, apesar de que tentava não chamar atenção. Julgou que poderia ser um Infiltrado, afinal, muitos deles estavam espalhados pelo festival e, por mais que o ex-artista os tivesse encontrado antes, não encontrou em si a capacidade - nem vontade - de guardar a feição de cada um de maneira especial. Mas, aquele dali, chamava atenção mesmo que não quisesse.
Afinal, um Omega com uma prótese tão diferente do comum, tão rústica para um Omega, era um pedido para atenção. Pedido este que fora aceito, pelo que parecia, já que coloridos olhares paravam nele de tempo em tempo; conseguiu até ganhar sussurros espalhados e vergonhosos.
Alistois olhou para Evangeline, orando para a deusa que não acreditava, e decidiu que a deixaria ali. Ela percebeu, com certeza, e nem deve ter se importado. O homem sentia uma pequena dor de cabeça, já que as jóias que adornavam sua cabeça começaram a enroscar com seus fios de cabelo cacheado. Ora, essa. Mais um motivo para ir embora.
Com passos lentos e sutis, o Infiltrado fez seu caminho até o de Aço, tocando-lhe a veste do braço rapidamente, apenas para chamar a atenção.
— Com o jeito que você se comporta, fica difícil se esconder. Mesmo usando esse tom, se continuar olhando ao redor como se tivesse cometido um crime, é exatamente o que vão pensar.
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Ebonee
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Post by Ebonee on Jan 31, 2018 0:15:27 GMT
Subir numa árvore nem de longe foi a mais engenhosa de suas ideias, mas era prática e eficiente o bastante para lhe permitir observar tudo e todos ao seu redor sem se preocupar em cruzar olhares com ninguém. As sombras ocasionadas pela folhagem a sua volta eram tão naturais quanto sua falta de presença — somando ambas, Ebonee duvidava que fossem capazes de vê-lo caso esta não fosse a intenção, o que garantia a ele o privilégio de não precisar se misturar em meio a trajes elegantes e conversas animadas, muito menos ter o trabalho de esconder sua máscara de olhares aventureiros demais. Sendo assim, sentado despreocupadamente no alto de um galho, roupas pretas e coladas a cobrir devidamente toda e qualquer parte do seu corpo que já não tivesse sido ocultada pela máscara de coelho negro, Ebonee observava os rostos felizes e corpos dançantes com o mesmo entusiasmo de alguém diante de um tribunal, aguardando pelo julgamento do réu. Marte definitivamente estava usando seu tempo do modo mais cauteloso possível, ele pensou.
Após um suspiro que sequer percebera estar segurando, o não-tão-jovem Ômega repassava os últimos acontecimentos em sua mente feito um loop, o tédio ficando cada vez mais evidente conforme a lua alcançava seu lugar no ponto mais alto do céu noturno, chamando muito mais atenção que as estrelas brilhantes ao seu redor. Se tudo ocorresse como o planejado, não demoraria muito até que Marte desse o sinal pelo qual tanto esperava, mas seus dedos inquietos não compartilhavam da mesma tranquilidade com a qual o resto de seu corpo repousava sobre a árvore. Em seu colo, vários pedaços de folhas repicadas faziam desenhos abstratos em tela preta, sendo alguns pontos mais verdes que outros, lembrando-o vagamente da multidão que ocupava o templo e seus arredores — uns sempre mais que outros. Ebonee franziu o cenho, extinguindo o movimento de suas mãos por um breve momento ao cerrá-las em punhos, de repente sentindo-se desconfortável demais por ficar parado ali, tendo que observar o desenrolar de algo tão... estúpido e hipócrita e mais um monte de coisas que não conseguia lembrar, sua mente focada demais naquelas duas palavras para que se desse o trabalho de pensar em outras.
Ainda que se negasse a reconhecer seus atos como nada mais além de puro tédio, seus olhos insistiam em buscar, preocupados, pelos locais onde havia implantado suas bombas mais cedo. Não que apostasse na possibilidade de alguma delas falhar ou algo do tipo, pois tinha plena consciência de que um erro tão estúpido como aquele nunca aconteceria consigo, mas—ele insistia em se perguntar, várias e várias vezes, se meras explosões seriam o suficiente. Se as pessoas sairiam do templo ou correriam para ele. Se Marte faria bom uso da distração e do pânico que a situação geraria. Se aliados seriam machucados no processo... Se Magda ficaria decepcionada em saber que, mais uma vez, Ebonee estava disposto a destruir outras famílias.
Magda. Não podia pensar nela agora. Ela estava em casa, segura, bem longe de Messa e das atrocidades que estavam prestes a ocorrer ali. Não havia motivos para que pensasse na filha naquele momento, nem em nenhum outro momento. Não quando estava oculto nas sombras feito um predador prestes a atacar sua presa. Não quando suas mãos tremiam por um motivo que nada tinha a ver com o tédio. Não quando—
Um barulho próximo demais para passar despercebido por seus sentidos fê-lo assumir uma posição defensiva quase que de imediato, cortando sua linha de pensamento — por isso ele agradecia — e atraindo sua total atenção para a silhueta que se aproximava de modo calmo demais para levantar suspeitas e furtivo demais para deixar-se ser percebida por qualquer outro além dele. E Ebonee estaria mentindo se dissesse que não reconhecia aquela calma nos movimentos alheios, pois mal esperou até que Li-He parasse diante da árvore em que se encontrava para dizer, sua voz soando distorcida pela máscara que encobria o sorriso de canto a adornar seus lábios:
"E eles ainda insistem que vermelho é a cor dos Ômegas..." comentou, logo após observar os tons de branco e dourado a emoldurarem as curvas do corpo feminino que agora era foco de seu campo de visão. "Se divertindo com a festa?"
Se não fosse pela máscara de coelho negro, Ebonee sequer seria capaz de dizer um oi sem soar estrangulado ou constipado. Porém, naquele momento, a situação era completamente diferente.
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Post by Li-He Zheijián on Jan 31, 2018 0:32:05 GMT
Assim que chegava na praça, prontamente me despedia dos garotos, e esperava que eles aproveitassem a festa enquanto ela durasse, obviamente. Encontrar o Coelho seria algo um tanto difícil, já que vestes escuras escondiam o líder de seu batalhão, mas ele não deveria estar longe. Uma vez conhecido o fato de que o Coelho mexia com aqueles armamentos de fogo e destruição, o quanto mais longe deles, melhor, então comecei a andar em volta da praça, atenta a algum chamado ou coisa do tipo. E foi nesse momento que ouvi um comentário sobre as minhas vestes. Um pouco ofendida, olhei, escondendo o rosto com o leque que estava aberto, e assim que entendi que o chamado vinha de cima das árvores, fui até a parte de trás dela, adentrando em meio a arbustos e galhos, um tanto escondida. "Por enquanto, não muito..." Dizia, com um tanto de desdém em sua voz e cochichando. "Mas acredito que você preparou os fogos, não é mesmo?" Respondia ao garoto com uma voz calma e um tanto reconfortante, já não mais tão perdida e tão tensa. Seria apenas um momento, um sinal, e aí sim a dança iria começar
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karanarchelaos
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Gender: Other / Decline to State
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Post by karanarchelaos on Jan 31, 2018 0:50:10 GMT
Com o quão ocupava ficava - quase sem querer - aqueles festivais eram uma das únicas chances de Karan se divertir com a própria família. Com os pais e o irmão mais novo, já tinha rodado os arredores e visitado o templo, rindo de besteiras e de cordialidades familiares. Havendo apenas uma Alpha e Betas entre eles, a diversão e a beleza dos Omegas era coisa que não via no dia-a-dia, desde criança. Por isso, gostava bastante daquela época, ainda que algo lhe cutucasse o fundo do cérebro. Não o suficiente para incomodá-la, porém; especialmente após uma quantidade considerável de álcool.
Vestida em uma camisa que não cobria todo o próprio torso, esta era complementada por uma saia alta, com uma fenda de cada lado. Por baixo dela, usava calças, preferindo a mobilidade que elas traziam, além de não expor as próprias pernas desnecessariamente. Tudo em tons de terra, mais claros que o normal para destacar a própria pele. Esperava o discurso do aclamado Sacerdote Omega assim como todas as almas presentes, mas como ainda havia algum tempo até lá, a própria família acabou se dispersando.
Não via colegas de trabalho na multidão, nem outros rostos conhecidos. Com um copo de vinho recém abastecido à mão, decidiu relaxar um pouco, parando de andar para admirar os arredores. Acabou por sentar na beirada de um canteiro de flores, perto de duas pessoas que conversavam alegremente. Uma, por aparência, era uma Omega. A outra, podia sentir mais do que ver, representava a classe dos Alphas.
Sempre os tratava com respeito, é claro. Serem tão dignos e aptos de uma posição de poder fazia a Beta admirá-los naturalmente, ainda que no fundo, entendesse que significava menos oportunidades para o resto. Mas se eles mereciam aquilo, não tinha o que questionar, tinha?
Sorriu com o copo, tomando um gole da própria bebida. — As pessoas parecem meio inquietas hoje, né? Não é todo o festival que fica tão animado. Ou sou só eu achando? — Com uma risada, o álcool no sangue permitia que se juntasse à conversa sem pensar muito sobre.
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ëssádica
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ALPHA BOM É ALPHA MORTO
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Post by ëssádica on Jan 31, 2018 1:00:28 GMT
De pé em frente à estátua, imóvel, um espectador poderia ter confundido a mulher com uma figura religiosa, fiel, em posição de respeito e admiração pela Deusa - A verdade é que ela estava com medo. Gautier sentia-se fora de seu corpo - Distante de sua mente, presa em um quarto escuro e ouvindo ecos de seu consciente através da porta de madeira - o mundo ao seu redor nada mais que zumbido e cores. Ela lembrou-se vagamente da razão pela qual estava lá, da insurgência, do dispositivo atrás de sua orelha e de suas ordens, mas tudo parecia distante; como se estivesse vendo alguém através da fumaça de um incêndio. Distorcido, vago, obtuso.
Gautier, entretanto, foi arrancada de seu estado pela voz horrivelmente próxima de alguém ao seu lado; subitamente consciente, sobrecarregada. As luzes fortes demais, vozes e risadas e tintilar de talheres e música--
A mulher afastou-se prontamente, perdendo seu senso de compostura, pavor subindo-lhe o rosto antes que ela pudesse se conter. Ela encarou a pessoa ao seu lado, olhos arregalados - Consciente do fato de que seu comportamento chama à atenção e que seu medo é extremamente suspeito, mas ao mesmo tempo incapaz de mantê-lo totalmente sob controle.
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