Nailah
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Omega Triste
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Post by Nailah on Apr 19, 2018 2:15:50 GMT
Embora a noite resplandecesse com todas as estrelas que enfeitavam o céu, aos olhos de Nailah todas elas estavam ofuscadas pelo brilho de sua filha. Os olhos de Hessa brilhavam enquanto elas andavam pelas ruas enfeitadas de Messa, ela sempre adorara as noites de Última Luz. Ver sua filha andando poucos passos à sua frente fez com que Nailah fosse preenchida por um sentimento de nostalgia ao lembrar de Hessa, ainda pequena, correndo pelas ruas que elas caminhavam agora enquanto ela segurava a mão de Amina e conversava descontraída durante o percurso. Tanta coisa mudara desde a última vez que estiveram as três reunidas, como uma família, para celebrar a Última Luz.
Hoje é um dia para celebrar. E com esse pensamento ela afastou a melancolia que começava a se instaurar em sua mente e sorrindo para a filha, a abraçou e continuou andando até o Templo. Ao ouvir o discurso do Alto Sacerdote Omega, sentiu como se seu coração se enchesse. Havia certa magia no poder da Última Luz em restaurar as energias e esperanças para o ano que estava começando.
"Que as estrelas iluminem nosso caminho, e que a Deusa guie nossos passos. ëssaht."
ëssaht.
Enquanto as pessoas aplaudiam as belíssimas palavras, Nailah se virava para a filha e, com as mãos dadas, desejavam o melhor para o novo ano que estava começando. Mas assim que suas mãos se afastaram e Hessa se distanciou para encontrar alguns amigos que também vieram de Idex, a felicidade da noite se transformou em puro caos.
Um festival de explosões iluminou os arredores do Templo nas cores de sangue e desespero, enquanto a força de uma das explosões próximas arremessava Nailah contra o chão.
Quando seus olhos voltaram a se abrir, não era capaz de distinguir o que estava acontecendo. Onde estava? Por que estavam todos correndo? De onde vinha aquela luz vermelho-alaranjada? Por que sua cabeça estava doendo tanto? Ao levar a mão à testa, Nailah sentiu um líquido quente que agora escorria pelo seu rosto, um ferimento resultante do impacto que sua cabeça tivera no asfalto. Incapaz de distinguir as palavras que provavelmente estavam sendo gritadas ao seu redor, ela desejava apenas tapar seus ouvidos afim de evitar que aquele agudo e interminável ruído saísse de sua cabeça. Enquanto ia recobrando a consciência dos últimos acontecimentos, o desespero atingiu a Alpha com a mais desesperada das perguntas que fizera até então. Onde estava Hessa?
O pavor era tudo que ocupava sua mente e fez com que ela levantasse rápido demais do local e olhasse freneticamente ao seu redor, ainda com a visão entorpecida pela queda de pressão. Precisava achar a filha e levá-la para longe de todo esse caos, precisavam voltar para Idex, para casa. Seu corpo ardia em ritmo acelerado enquanto Nailah ia se apoiando em árvores e muros para se mover pelo pátio do Templo, olhando para todos os lados, todas as pessoas,todos os rostos e todas as máscaras que enchiam o local na esperança de achar o único rosto que importava para ela naquele momento.
De relance, ela pode ver os longos cabelos trançados que reconheceria em qualquer lugar, com uma esperança renovada ela se movia o mais rápido possível da filha até que a menina se virou e Nailah não foi capaz de ver seu rosto, ao invés dele havia uma máscara. O choque interrompeu seu avanço e ela só conseguia encarar, atônita, a máscara que cobria o rosto da filha. Uma insurgente.
Entretanto, o choque de Nailah não durou muito tempo, pois foi interrompido pela chegada da polícia e o som de tiros sendo disparados contra os insurgentes. E ao ver o corpo de Hessa indo ao chão o coração da mãe parou em completo terror. Com um grito preso em sua garganta, ela correu até a filha e, com lágrimas escorrendo por todo o seu rosto, se ajoelhou na poça de sangue que se formava ao redor do corpo da menina.
As mãos trêmulas de Nailah retiraram a máscara do corpo, revelando o rosto pálido e inexpressivo de Hessa. O corpo permanecia sem reação, mesmo em meio às súplicas e lágrimas da mãe. Sem reação e sem pulso. Quase sem conseguir se mover, a Alpha colocou a mão na testa da filha, e desceu até seus cabelos enquanto seus pensamentos desciam até o inferno. Todo o seu mundo girara e se partira em questão de minutos. Tudo que ela amava, tudo que ela queria proteger, todo o brilho que havia em sua vida se transformara em uma mancha vermelha. Em meio ao pesadelo, ao terror e à mais insuportável dor que já sentira na vida, surgira também a raiva e o ódio daqueles que tiraram Hessa de sua vida. Daqueles que interviram com a intenção de matar e mataram não só os sonhos de uma criança, mas também o futuro de uma mãe.
Se ao menos ela pudesse estar no lugar da filha, se ao menos Hessa pudesse voltar, a mão não pensaria duas vezes em ceder seu lugar no mundo para ela. Porém tudo que Nailah era capaz de fazer era deitar ao lado da filha e, em meio ao sangue, envolvê-lá num abraço vazio, presa em um momento que não permitira nem ao menos uma despedida.
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Post by Li-He Zheijián on Apr 24, 2018 4:10:16 GMT
Meus olhos se encontravam com os de Katura ao olhar em sua direção. Se não fosse pela pintura branca e dourada de meu rosto, provavelmente aparentaria vermelha como a boa omega que sou. Ao sentir as mãos de Katura adentrando curiosamente meu kimono, a procura de um lugar para guardar a faca, meu corpo travava num movimento compulsório, e todo o trajeto de suas mãos suaves ardiam, quentes. As palavras doces de Katura, principalmente o "querida", eram como uma saraivada de balas acertasse meu corpo, e acredite, eu conhecia essa sensação -pelo menos no rosto. A visão repentinamente ficava meio turna, e o rosto e a pose de minha esposa adentravam meu pensamento, e assim como Katura, ela tocava meu corpo suavemente na mesma região, e o calor ardente aumentava cada vez mais. Meus olhos se enchiam de lágrimas, ao poder sentir mais uma vez o toque dela. Era muito quente, queimava intensamente, mas essa dor não era nada se comparado a deixá-la ir. Jane O'Connan, ex-mulher de Li-He
De repente, estava em meu antigo quarto com ela, e Jane sorria intensamente, e quanto maior seu sorriso, mais a dor aumentava, e mais e mais lágrimas escorriam do meu rosto, em silêncio, e o ambiente ia ficando cada vez mais escuro, e escuro, e escuro.... e mesmo que por um momento não enxergasse mais nada, a dor sumia repentinamente, assim como o toque suave da tal mulher, e então, desesperada, levantava da cama e tentava achar uma saída daquele lugar escuro, andando sem rumo a procura de uma saída, uma porta, mas não conseguia achar nada. Depois de ficar um tempo perdida, conseguia chegar até a parede, mas um riso diabólico tirava minha atenção, e me fazia a olhar para ele, e podia ver o cabelo e os olhos de minha outrora amada em um laranja intenso e brilhante, como labaredas brilhantes que dançam e destroem tudo que tocam. Apesar de estar aterrorizada, o que me fazia desesperadamente caminhar a procura de uma saída, era seu sorriso, não mais fofo e agradável, mas monstruoso e diabólico, e ele aos poucos se aproximava de mim. Ao tocar na maçaneta da porta, minha mão ardia, e não muito tempo depois, sentia o braço do monstro de fogo cravar em minhas costas, e era como se enfiassem uma espada quente pelo meu ombro direito, atravessando a plástica carne, e mesmo que tentasse gritar, nada saia. Forçava minha cabeça para trás, e podia ver o corpo de Jane cada vez mais parecendo carvão em brasa, com fissuras que hora brilhavam, e hora se apagavam, e aquele sorriso diabólico em seu rosto, me puxando pra perto dela, sugando toda a energia que eu tinha. Mesmo com tudo aquilo, a dor era insuportável, e por isso eu precisava deixá-la ir, e com um movimento preciso, abria rapidamente a porta, e me jogava para fora do comodo, tirando aquela dor restante de dentro de mim, e apenas ouvia um estrondo enquanto a porta fechava atrás de mim e eu caia de quatro, no chão. Estava agora na mesma praça que estava antes momentos atrás, e com um ouvido ensurdecido, podia ver as pessoas correndo de medo e ouvindo parcialmente seus gritos tenebrosos, assim como via algumas pessoas correndo de um lado para o outro, em chamas, tentando se salvar. Toda aquela violência. E mesmo que aquilo se assemelhasse a situação que passou tempos atrás com Jane, ela não sentia remorso, muito menos pena pelas explosões, apenas um sentimento de conformidade, pois era com aquilo que sua vingança começava. Aquele momento, todas as explosões. Era agora que eu conseguiria começar a entender o que aconteceu com minha ex-esposa, e para isso, eu precisava seguir em frente, abrindo mão da minha dor e, por um tempo, da minha melancolia fúnebre. Ficava ainda um tempo de olhos fechados, soltando alguns grunhidos e me contorcendo no banco, até então abrir meus olhos lentamente e ver que estávamos muito próximos da fronteira de Miheta, e então, com uma espreguiçada preguiçosa, me colocava de pé. Meus olhos ainda estavam carregados d'água, e minha mão esquerda prontamente tocava meu ombro direito, delineando suavemente as cicatrizes que marcariam para sempre aquele dia de merda. Coçava o olho com a mão vazia e então me virava para Katura, depois para trás, e depois para Katura novamente. Ainda bem que havia sido só um simples pesadelo.
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Post by Beico on Apr 27, 2018 20:20:00 GMT
A seringa pesava em sua saia. A segurança que ela lhe trazia, mesmo sabendo que jamais teria a coragem para realmente usá-la, o enojava. Ahriat se sentia sujo, tão facilmente corrompido por aqueles monstros mascarados. Ele se perguntava se toda a sua situação era uma punição da Deusa por ser tão fraco.
Ouviu então uma voz desconhecida, que ele não sabia de onde vinha. Mas não encontrou forças para respondê-la, contentando-se em responder apenas com um fraco Fuja... como se isso pudesse ajudar a ele também. Talvez nem mesmo tivesse ouvido nada. Talvez só quisesse convencer a si mesmo de que ainda tinha forças pra escapar.
E logo em seguida veio aquela mulher, ajoelhando-se na sua frente com aquela máscara horrenda. Ahriat não conseguia levantar e, mesmo assim, sabia que estaria encurralado se o fizesse. Tudo o que conseguiu foi virar o rosto para longe dela, mesmo que seu corpo estivesse todo tão pesado e que fosse ainda tão difícil respirar. A seringa pesava em sua saia.
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Katura
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Post by Katura on Apr 28, 2018 17:52:39 GMT
Focando nas estrelas que pontilhavam o céu à sua frente, Katura continuava a repelir as memórias que insistiam em voltar à sua mente atiçadas pelo cheiro do Alpha que estava sentado no banco de trás. Após evitar, por meses, estar na presença daquele odor amadeirado, cada minuto a mais de viagem torturava a sua mente e remexia seu passado. E embora ainda fosse incapaz de lidar com aquele cheiro que lhe causava tremenda repulsa, ela contornava seu problema vendo nas estrelas o brilho que via nos olhos de Aina e, no caminho a frente, sua responsabilidade para com a Insurgência e Li-He. E com esses pensamentos ocupando sua mente, ela seguia concentrada no percurso que traçara.
Eventualmente Katura quebrava seu estado de concentração e desviava seu olhar para Li-He a fim de que, mesmo que por poucos segundos, ela observasse o beleza e suavidade no rosto da moça que adormecera ao seu lado. O sono da insurgente, entretanto, não tardou para se transformar em um pesadelo, pois Katura notava, preocupada, o corpo da jovem se contorcer e grunhir em meio ao universo onírico no qual estava preso. Mas antes que seu braço fosse capaz de tocar o corpo da insurgente para acordá-la, os olhos de Li-He se abriram em um sobressalto, e ao ter levantado e lançado o olhar para a motorista, Katura pode ver os olhos mareados de Li-He, que se esforçavam para conter as lágrimas que insistiam em ser derrubadas.
Ainda com o braço estendido, ela levou sua mão ao rosto pintado de Li-He e, com um movimento carinhoso, removeu uma das lágrimas que havia escapado contra a vontade da moça.
— Está tudo bem agora, foi só um pesadelo. — E embora não acreditasse muito na parte em que afirmava estar tudo bem, pois as coisas tinham os mais diversos motivos para não estarem bem, Katura desejava apenas confortar a insurgente enquanto lhe lançava um olhar preocupado.
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kleiner
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Omega Triste
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Post by kleiner on May 4, 2018 16:31:25 GMT
Abruptamente a mulher que cobria o rosto com lenço azul pegou a faca que estava estendida em sua mão e entregou aparentemente para a subtenente do I.O.C.O, só encarou-a e ignorou sua falta de educação, dava para ver sentir que ela tinha algum problema com Alphas, mas não podia fazer nada a respeito, queria lembrar a ela que se estava na insurgência era porque ambos lutavam pelos mesmo ideais, porém não estava a fim de ficar discutindo.
Deixando isso de lado, por um momento se concentrou em simplesmente observar a Sacerdotisa, atento a qualquer movimento dela, não vendo nenhum sinal de reação resolvo olhar para trás e ainda estavam sendo perseguidos pelos policiais. — Acho que está na hora de fazermos algo a respeito. — Digo apontando para as viaturas que nos perseguiam.
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ëssádica
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ALPHA BOM É ALPHA MORTO
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Post by ëssádica on May 4, 2018 21:32:08 GMT
Ren parou onde estava, suas mãos enluvadas à poucos centímetros do rosto do sacerdote quando ouviu a fraca voz vinda da pessoa na maca. Ela se ergueu, aproximando-se da maca e tocando o braço da garota gentilmente.
- Você está acordada. - Sua voz ecoou mecânica, sobrepondo-se aos sons de tiro e gritos vindos da catedral. A terrorista deu um leve, reconfortante aperto no ante-braço da menina, apesar da imagem perturbadora que sua máscara e mãos ensanguentadas criavam - Não se preocupe, querida, nós não queremos machucar ninguém. - Ela sorriu, o gesto perdido por detrás sua máscara de chacal.
Ren deu uma última olhada no rosto da cidadã antes de virar-se, voltando sua atenção ao sacerdote e se ajoelhando em frente à ele novamente.
- Você está bem? - A insurgente perguntou em um tom surpreendentemente gentil, erguendo a cabeça do sacerdote com dois dedos sob seu queixo enquanto procurava por feridas. Diante do estado quase catatônico do menino, ela sorriu torto. - Desculpa, huh. Eu devo ter batido sua cabeça no chão com muita força. - Ela desceu as mãos até os antebraços do menino. - Você consegue se levantar?
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Post by ëssaht on May 4, 2018 21:40:32 GMT
Nota: O personagem Alistois, que se encontrava no assento condutor da ambulância, foi substituído pelo NPC Serpente; os personagens que ainda não estão indo em direção ao bosque ou que não se encontram em veículos foram movidos pelo narrador.
Ao ouvir os passos pesados dos soldados descendo rapidamente as escadas, Marte deu o sinal. Foi nesse momento que Serpente acionou o botão escondido em sua máscara, desencadeando uma enorme explosão no subsolo do Templo, na região que levava ao cômodo explorado pelos outros membros do Alto Escalão. Não apenas uma distração para a polícia, a explosão também abriu caminho para que os Insurgentes fugissem, passando por sobre os cadáveres dos oficiais — Alphas, Betas, Omegas — atingidos pelas chamas. Serpente, na direção da ambulância, arrancou com o veículo bruscamente e posicionou-o em frente à saída proporcionada pela explosão e, uma vez que Marte e seus subordinados estavam finalmente a bordo, saiu a toda velocidade em direção aos bosques. A pressa era tamanha que não tiveram tempo de fechar devidamente as portas do veículo, que se sacudia e jogava os tripulantes para os lados. Mas, semelhantemente ao caso de Imilia, quando os policiais avistaram o Sacerdote Omega dentro da ambulância, cessaram fogo imediatamente. O mesmo, porém, não se valeu para os Insurgentes, que disparavam tiros de borracha contra seus inimigos como podiam — e pouco acertando. Pelo caminho, aqueles mais fortes e menos feridos agarravam civis e puxavam-nos para dentro da vã, utilizando-os como reféns e escudos humanos. Foram vítimas Karan e Nailah.
Perseguindo o flutuador que ia em direção à extremidade da ilha, os policiais finalmente entenderem o plano que os Insurgentes pretendiam seguir. Voltaram, então, a atirar — dessa vez, mirando não as pessoas, mas seu escapamento e turbinas. Uma bala atingiu o alvo, fazendo com que Katura perdesse controle do veículo que conduzia.
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Nailah
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Omega Triste
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Post by Nailah on May 4, 2018 23:11:29 GMT
Ela ainda estava no chão, sentia o sangue que saía de sua filha umedecer suas roupas e esfriar seu corpo. Com o braço ao redor do corpo inerte de Hessa e intermináveis lágrimas nos olhos, Nailah não era capaz de encontrar forças o suficiente para sair do caos que estava ao seu redor, ela apenas se deixara afundar no abismo no qual sua vida acabara de mergulhar.
Mas a paralização da Alpha foi interrompida ao sentir seu corpo ser puxado para cima abruptamente. Sem conseguir sair do estorpor em que se encontrava, o máximo que conseguia absorver da situação eram pequenos lapsos de acontecimentos. Um puxão. Uma máscara. O assobio das balas cessando e seu corpo sendo arremessado dentro de um veículo.
O automóvel se movia de forma irregular e extremamente veloz, fazendo com que todos os seus passageiros fossem lançados de um lado para o outro. Não sabia onde estava, não tinha ideia de quem eram as pessoas por trás daquelas máscaras gélidas nas quais sua visão focava pouco antes de ser arremessada para o outro lado da ambulância. Seu corpo ainda não emitia nenhuma resposta à sua ínfima vontade de tomar controle sobre suas ações, e ela seguia sendo arremessada para os lados, caindo em cima de pessoas sem ao menos ser capaz de se segurar em algo.
Mais um solavanco e seu corpo, ensanguentado e dolorido, era lançado novamente para outro lado. Sentiu que o impacto fora aliviado pelo contato que tivera com outra pessoa. Não sabia ao certo o que percebera primeiro, a máscara reproduzindo uma tempestade de areia ou aquele cheiro adocicado que ela conhecia tão bem, e que temia não voltar a sentir.
— A-Amina? — A palavra saíra baixa e rasgando sua garganta, que penava para emitir qualquer som desde que Nailah parara de gritar ao lado da filha.
Aquilo era um pesadelo, só poderia ser. Um pesadelo com o único motivo de assombrá-la, mais um daqueles que a perturbavam durante as noites vazias em Idex. A única esperança que despontava em sua mente era acordar em sua casa, ao lado de Amina, com Hessa dormindo em seu quarto. Antes de tudo aquilo acontecer. Antes do afastamento. Antes do caos. Antes da Insurgência. Não pode evitar recostar-se no peito da Insurgente que se encontrava ao seu lado enquanto sentia um braço a segurá-la pela cintura, impedindo que seu corpo ficasse à mercê dos movimentos do veículo. Nailah apenas fechou os olhos, derramando mais algumas lágrimas, e deixou aquele odor reconfortar sua mente.
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caterinne
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Omega Triste
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Post by caterinne on May 4, 2018 23:22:11 GMT
A mulher albina se aproxima pegando em meu braço cheio de ataduras, as mãos dela estavam manchadas de sangue. Por que fui abrir minha boca? Acabei atraindo sua atenção para mim; ao ouvi-la penso como pode dizer que não vai me machucar se tinha acabado de jogar alguém como se fosse uma bola e sabe-se lá Bettenou o que ela tinha feito antes.
Sem tempo para dizer nada a ambulância avança velozmente, depois de entrar outras pessoas no veículo. Passando o portão do templo cheguei à conclusão que só podem ser mesmo os Rebeldes, penso calada e morrendo de medo. Pressentindo algo ruim me sento na maca ainda com dificuldade, me segurando firme olhando para os novos rostos presentes.
A ambulância começou a correr e nem mesmo tinham fechado a porta traseira noto quando consegui me sentar corretamente, a ambulância jogava os novos passageiros por todo lado, rezo para que ninguém caia sobre mim, segurei ainda mais firme indo de um lado pro outro, mas sem sair da maca. — PRA ONDE ESTAMOS INDO? — gritei em meio a essa confusão.
Por que Bettenou, por que comigo? Só sai pra me diverti com amigos e agora olha onde estou? Minhas lágrimas percorrem o meu rosto sem que eu pudesse controlá-las.
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karanarchelaos
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Post by karanarchelaos on May 5, 2018 1:35:42 GMT
Em algum momento, conseguiram avistar uma quantidade relativamente grande de pessoas. Todas andavam a passos apressados ou em correria frenética para segurança. Era para onde se direcionava com Adhara, sem terem qualquer sinal da irmã que ela tanto procurava. Realmente rezava para a Alpha encontrá-la, e para que ela não estivesse entre as inúmeras perdas do festival. Por que…?
Não adiantava. Não conseguia entender, e no pouco tempo em que estavam andando - ainda distante das pessoas, pela outra continuar abatida pela ameaça anterior - sabia que não chegaria à conclusão nem uma. O álcool no cérebro não ajudava, mas duvidaria que mesmo completamente sóbria conseguisse. Métodos muito extremos para uma causa que pedia direitos, não era…? O que conseguiriam com tamanha violência? Em um dia para celebrar os Omegas, ainda? Teria que deturpar muito aquilo para fazer qualquer sentido.
Foi rápido demais. Em um segundo, estavam em um cruzamento, sua companhia a passos trêmulos à sua frente. Em outra… O barulho de um veículo se aproximando, e tiros cada vez mais perto. Botando as mãos nos ombros de Adhara, abriu a boca para falar que deveriam se apressar, que a ajudaria a correr-- E alguns segundos depois, a fonte do ruído chegou nelas.
Soltou os ombros alheios sem aviso, ao sentir um puxão na blusa que vestia a forçar para trás com força. E então, estava dentro da van.
Com o coração disparado de imediato e os olhos arregalados, sequer conseguia olhar em volta direito, já que todos de dentro estavam sendo jogados de um lado para o outro conforme o carro fazia curvas. O desespero de se manter lá dentro com as portas abertas para não sofrer um acidente ao cair, e ao mesmo tempo, de desejar somente fugir daquilo tudo, era palpável na forma que tentava se contorcer para ver quem estava ali. Quem a segurava apontava uma arma para o lado de fora, atirando às cegas enquanto a mantinha presa com um braço.
Insurgentes? Tinha que ser. Insurgentes fugindo? Por que, Bettenou?
— O que está-? — Mais um solavanco a interrompendo. A garganta de Karan estava seca demais para que pensasse em gritar, e em meio à confusão, choque, e desespero, havia também alguma tontura vinda da bebida anterior. Não iria vomitar nos outros, não. Esperava que não.
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Katura
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Post by Katura on May 5, 2018 15:19:21 GMT
“Acho que está na hora de fazermos algo a respeito.”
E assim que o Alpha apontara para trás, tiros voltaram a ser disparados contra o planador. Antes que pudesse pensar no motivo pelo qual a polícia decidira atirar contra um veículo no qual a Sacerdotisa Beta estava a bordo, o planador fora atingido e a cabeça de Katura jogada contra a lateral do veículo com força.
Tentando ignorar a dor que latejava em sua cabeça, ela tentava, sem sucesso, manter o controle do veículo e a rota retilínea em direção ao limite da ilha. E agora? E agora? E AGORA? Sua mente percorria incessantemente as opções que eles tinham, e não parecia ser capaz de encontrar uma que fosse realmente boa. Se pulassem talvez cairiam para fora da ilha. Se batessem, teriam que lidar com os policiais que os seguiam nas viaturas. Estavam distantes dos planadores da Insurgência, voltar para lá não parecia uma opção razoável no momento. E não sabia se seriam capazes de chegar até o final da ilha para só então perder altitude em direção à Syat.
Sem tomar uma decisão ao certo, embora tendesse para o plano original de ir para Syat, Katura forçou o veículo a entrar em contato com o chão. O contato com o solo sacudira todo o interior do veículo, e enquanto seu corpo se segurava firme ao volante em suas mãos, sua mente se segurava firme à esperança de que, sem depender tanto das turbinas, fosse capaz de retomar o controle do planador.
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Post by ëssaht on May 5, 2018 20:33:55 GMT
O impacto do flutuador com o chão, porém, fora suficientemente abrupto para que os sistemas liberassem os airbags contra os passageiros. Dessa vez, não havia como tomar o controle, e bastaram poucos segundos para que o veículo colidisse contra uma árvore próxima. Os ferimentos de todos foram leves, não passando de batidas e arranhões, além de um corte superficial sobre a sobrancelha para Kleiner — ainda que nada grave, sangrava bastante, comprometendo parte de sua visão.
Agora, não havia mais escapatória. Não poderiam correr para as bordas, uma vez que jogar-se das bordas deixara de ser uma alternativa; não poderiam correr para os bosques e juntar-se ao resto dos rebeldes, pois jamais seriam capazes de livrar-se dos policiais machucados e a pé. E os ditos policiais aproximavam-se rápido em seus próprios flutuadores, tendo cessado fogo mais uma vez.
Qual rota de fuga iriam tomar? Ou será que se renderiam? No fundo de suas mentes, uma ideia vaga, maluca se formava: teriam de roubar um flutuador.
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Katura
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Post by Katura on May 7, 2018 0:24:20 GMT
A liberação dos airbags tornara impossível para as mãos de Katura exercer qualquer controle sobre o veículo. Sem ver ao certo para onde estavam indo, ela so tomou conhecimento do que estava acontecendo quando todos sentiram o impacto do planador em uma das árvores. Olhando para trás preocupadamente, Katura pode ver que os policiais se aproximavam rapidamente. A mera imagem deles fez seu coração acelerar e seu corpo se mover em constante frenesi.
Com movimentos rápidos ela saltou para fora do carro e, retirando as facas que guardava em suas botas, cortou um pedaço de sua roupa e se dirigiu para o Alpha que estava no banco de trás.
— Tire a Sacerdotisa daqui! — A ordem foi dada junto com o pedaço de sua roupa nas mãos do garoto, para que ele conseguisse limpar seu sangramento. E desviando seu olhar do Alpha, ela lançou um olhar que transparecia urgência na direção de Li-He.
— Vou precisar de cobertura. — Com a frase firme, porém gentil, Katura escalou árvore acima e, saltando entre os galhos próximos, se aproximou dos policiais que, lentamente, desciam de seus veículos para se aproximar dos insurgentes.
Ao perceber que a atenção deles se voltara para um barulho vindo do lado oposto de sua localização, Katura aproveitou a brecha para saltar em cima do policial que se encontrava mais perto de sua árvore e, com as pernas ao redor do seu pescoço e um giro rápido, o corpo caíra morto aos seus pés. Antes que a notassem, ela se posicionou agilmente atrás de uma policial e cravou sua faca rente à clávicula, porém o grito que saíra de sua garganta antes de morrer chamara a atenção dos outros policiais. Usando o corpo morto para se proteger dos tiros, Katura se aproximou de um terceiro policial e, enquanto jogava o cadáver em cima dele, desferia um golpe contra sua garganta.
Eles eram muitos, os tiros não paravam de uivar perto de seus ouvidos e os passos estavam cada vez mais pertos. A arma de um dos guardas se encontrava perto dos seus pés, e sem pensar duas vezes ela a segurou e correu para trás de uma árvore. Abrindo a arma, ela vislumbrou o que mais desejava encontrar naquele momento: balas de verdade. Eram só 2, mas já seriam de grande ajuda.
Com a mente focada no planador que se encontrava mais próximo de onde estava, Katura se lançou para os galhos mais uma vez. Chegando o mais perto que conseguia do seu objetivo, ela mirou os policiais que estavam entre ela e o planador e os surpreendeu com tiros vindo da copa das árvores.
Embora um de seus tiros tenha apenas raspado no ombro de um dos alvos, o outro acertara o rosto de um dos policiais com sucesso. Mas para o seu azar, o ataque não fora o suficiente para limpar o caminho até o planador, e graças ao som da arma, os outros voltaram sua atenção para a localização de Katura. Ela continuava se movendo pelas árvores, tentando confundir a mira dos policiais e, enquanto arremessava seu corpo entre as copas, esperava gerar distração o suficiente para permitir a ação dos outros insurgentes.
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